quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Gordura abdominal




Acumular gordura no abdômen é perigoso. Essa é a conclusão de diversos trabalhos publicados nos últimos anos.

Tradicionalmente, o grau de obesidade tem sido avaliado por meio do Índice de Massa Corpórea (IMC), obtido dividindo-se o peso pelo quadrado da altura. O peso é considerado saudável, quando os valores do IMC ficam entre 18,5 e 24,9 kg/m2.

A principal limitação com o IMC é que não permite separar indivíduos com constituição mais robusta, mais musculosos e com ossos mais pesados, daqueles com mais tecido adiposo.

Em 2012, pediatras do Sick Childrens Hospital, de Toronto, publicaram um inquérito realizado entre 4.884 estudantes de 14 a 15 anos de idade, no qual calcularam o IMC e a relação existente entre a circunferência abdominal e a altura do adolescente.

Relações entre circunferência abdominal e altura abaixo de 0,5 foram consideradas normais; elevadas, quando acima de 0,6.

Houve associação significante entre a relação circunferência abdominal/altura e a prevalência de hipertensão arterial, colesterol e triglicérides elevados.  O IMC não guardou relação tão direta com esses parâmetros.

Em 2013, foi publicada no Journal of the American College of Cardiology uma pesquisa que partiu de um banco de dados com 15.547 portadores de doença coronariana, participantes de cinco estudos realizados em três continentes. A média de idade era de 66 anos.

Num período médio de 4,7 anos, ocorreram 4.699 mortes. A sobrevida mais baixa foi encontrada entre aqueles com mais gordura concentrada no abdômen, medida pela relação: circunferência do abdômen/circunferência da bacia (CAB).

Por exemplo, pessoas com IMC = 22, portanto na faixa de normalidade, mas com relação CAB igual ou maior a 0,98 apresentaram risco de morte mais elevado do que aquelas com o mesmo IMC, mas com CAB abaixo de 0,89.

Mesmo entre os obesos, a relação foi mantida. Naqueles com IMC = 30 e CAB igual ou maior a 0,98 a mortalidade também foi mais alta do que no grupo com o mesmo IMC, mas com CAB igual ou abaixo de 0,89.

Em 2014, pesquisadores da Mayo Clinic publicaram uma análise de 11 coortes que envolveram 650.000 participantes, acompanhados por um período médio de nove anos.

Houve uma relação linear entre mortalidade e circunferência abdominal (CA). Nos homens com CA maior ou igual a 110 cm, o risco de morte foi 50% mais alto do que naqueles com CA igual ou abaixo de 90 cm.

Nas mulheres com CA igual ou maior do que 95 cm o risco de morte foi 80% mais alto do que naquelas com CA abaixo de 70 cm.

Para cada incremento de cinco centímetros na CA a mortalidade aumentou 7% nos homens e 9% nas mulheres.

A diminuição da expectativa de vida entre aqueles com CA mais alta, comparados aos de CA mais baixa, foi de aproximadamente três anos para os homens e cinco anos para as mulheres.

A conclusão é clara: estar com o IMC na faixa acima do peso ou de obesidade não eleva a mortalidade na ausência de obesidade central.


Por: Drauzio Varella


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fonte: http://drauziovarella.com.br

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Hipertensão

Os antigos pensavam que o órgão central da circulação seria o fígado, porque nas autópsias encontravam grande quantidade de sangue em seu interior. Imaginavam que as veias levariam o sangue do fígado para a periferia e que o ar da respiração seria conduzido pelas artérias (daí o nome) para refrigerar os órgãos internos.

Hoje sabemos que o coração é um músculo com quatro cavidades que funcionam como bomba hidráulica. Quando se dilatam ficam cheias de sangue; ao contraírem-se, pressionam o sangue venoso para os pulmões e o sangue já oxigenado através das artérias, com a finalidade de distribuir oxigênio e nutrientes para todos os tecidos.

A bomba cardíaca trabalha sem parar: em seu interior passam 5 a 6 litros de sangue por minuto.

O sistema circulatório é fechado: o sangue impulsionado pelo coração para percorrer as artérias voltará pelas veias. É como no encanamento de uma casa na qual a água da caixa fosse impulsionada por uma bomba e, depois de utilizada, passasse por um filtro e retornasse para ser bombeada de novo.

A pressão arterial é consequência da força que o sangue faz contra as paredes das artérias para conseguir circular pelo sistema.

Se o sangue saísse do coração sem pressão nenhuma, não teria condições de circular e morreríamos em poucos minutos por falta de oxigênio nos tecidos.

O organismo é muito sensível a aumentos de pressão. Se o sangue for bombeado constantemente sob pressão mais alta, vários órgãos entrarão em sofrimento. Em situações extremas, quando acontecem aumentos bruscos de pressão, pode haver colapso do sistema e morte súbita.

Quando o coração se contrai (sístole) para expulsar o sangue de seu interior, a pressão nas artérias atinge o valor máximo: é a pressão máxima ou sistólica. Quando sua musculatura relaxa (diástole) para permitir que o sangue volte para encher suas cavidades, a pressão cai para valores mínimos: é a pressão mínima ou diástólica.

Com o aparelho, procuramos medir esses dois níveis de pressão – máximo e mínimo – em centímetros ou milímetros de mercúrio. Assim, quando dizemos que uma pessoa apresenta pressão de 12 cm por 8 cm (o mesmo que 120 mm por 80 mm), queremos explicar que o coração, ao bater na sístole, impulsiona o sangue pelas artérias com pressão igual à exercida por 12 cm (ou 120 mm) de uma coluna de mercúrio; e, que, na diástole, ao relaxar a musculatura cardíaca, a pressão arterial cai para 8 cm (ou 80 mm).

A pressão arterial não é constante no decorrer do dia: em repouso ou dormindo, com os vasos relaxados, ela tende a cair; e a subir quando fazemos esforço físico, estamos agitados, nervosos ou submetidos a condições de estresse.

Por isso, é muito importante que a pressão seja medida com aparelho aferido regularmente, que o manguito seja inflado devagar e que seja adequado ao diâmetro do braço. Por exemplo, crianças precisam medir a pressão com manguitos menores e pacientes obesos, com manguitos mais largos para evitar erros de medida.

Além desses, é preciso tomar os seguintes cuidados ao medir a pressão, para evitar a chamada síndrome do avental branco, responsável pelo aumento dos níveis por causa da tensão que a presença do médico e o ambiente podem ocasionar:

* Você deve estar sentado e o aparelho ajustado em seu braço à altura do coração. Não falar, e descansar de 5 a 10 minutos em ambiente calmo, antes de efetuar a medida;

* Você não deve ter praticado exercício ou realizado esforço físico nos últimos 60 a 90 minutos;

* Você não deve ter ingerido bebidas alcoólicas, alimentos ou fumado nos últimos trinta minutos;

* Você não deve estar com a bexiga cheia nem com as pernas cruzadas.

Quando os valores obtidos estiverem elevados, a pressão deverá ser medida 1 a 2 minutos mais tarde. Se permanecerem elevados, o ideal é medi-la novamente em ambiente doméstico.

É preciso muita cautela antes de rotular uma pessoa como hipertensa.

Nos adultos com pelo 18 anos, a pressão arterial pode ser classificada de acordo com os critérios internacionais ordenados na tabela abaixo:
Classificação    Pressão máxima (cm)        Pressão mínima (cm)
          
  • Ótima    <12,0    e    <8,0
  • Normal    <13,0    e    <8,5
  • Limítrofe    13,0 a 13,9    ou    8,5 a 8,9
          
Hipertensão          
          
  • Estágio 1 (leve)    14,0 a 15,9    ou    9,0 a 9,9
  • Estágio 2 (moderada)    16,0 a 17,9    ou    10,0 a 10,9
  • Estágio 3 (grave)    18,0 ou mais    ou    11,0 ou mais

De acordo com o Ministério da Saúde, em nosso país existem 43 milhões de hipertensos, assim distribuídos de acordo com a faixa etária:

* Cerca de 30% dos adultos;

* 50% da população acima de 50 anos;

* 60% da população acima de 60 anos.

A hipertensão é doença democrática que se instala em crianças, mulheres e homens de todas as etnias e condições sociais. Por razões genéticas, mulheres e homens negros correm mais risco de desenvolvê-la.

Aumentos de peso e de pressão arterial caminham de mãos dadas. As diminuições também: nos hipertensos, para cada 1 kg perdido a pressão cai em média 1,3 mm a 1,6 mm.

Existe relação nítida entre peso corpóreo e pressão alta. A obesidade provoca alterações no metabolismo que contribuem para fazer as terminações nervosas, que controlam a abertura e o fechamento dos vasos (vasodilatação e vasoconstricção), manterem os vasos mais contraídos. Para vencer a resistência aumentada à passagem do sangue, o coração é obrigado a fazer mais força, que se reflete no aumento da pressão arterial.

Assim, uma pessoa obesa que tenha pressão 15 por 10 – hipertensão estágio 1 -, ao perder 10 quilos, terá a pressão diminuída para aproximadamente 13,5 por 8,5, faixa considerada limítrofe. Se perder 20 quilos, sua pressão voltará ao normal.

A perda de peso constitui a medida não farmacológica mais eficaz no tratamento da hipertensão. Ela também aumenta a eficácia dos medicamentos anti-hipertensivos em indivíduos obesos ou não.

Hipertensão arterial é doença traiçoeira, só provoca sintomas em fases muito avançadas ou quando ocorre aumento abrupto e exagerado.

Muitas pessoas acreditam que o aumento da pressão provoque sintomas como tontura, dor de cabeça, palpitações ou pontos brilhantes que turvam a visão e, como nada sentem, passam anos sem medir a pressão. Não é verdade que esses sintomas tenham alguma coisa a ver com a pressão. A única forma de fazer o diagnóstico de hipertensão é medir a pressão arterial.

Quanto mais cedo for diagnosticada, melhor o resultado do tratamento. O ideal é que a pressão seja medida a partir do primeiro ano de vida, nas consultas pediátricas.

Nos adultos com pressão de até 12 por 8, basta medi-la uma vez por ano. Entre esse valor e 14 por 9, uma vez a cada 6 meses. Acima de 14 por 9, os controles devem ser muito mais freqüentes, porque nessa faixa a doença deve obrigatoriamente ser tratada.

Estruturas afetadas pela hipertensão

Imagine, que por um defeito qualquer, a água de sua casa seja bombeada pelo encanamento sob alta pressão. De início, talvez você fique satisfeito com o impacto da ducha ou com a força do esguicho no jardim. Mas, com o tempo, as torneiras precisarão de consertos, o filtro da cozinha ficará avariado, os canos apresentarão vazamentos e a mangueira do jardim estará em frangalhos. Exausta de tanto esforço, finalmente, a bomba hidráulica começará a falhar, o fluxo diminuirá e o sistema entrará em colapso.

Nada muito diferente do que ocorre com o organismo submetido ao aumento constante da pressão arterial, embora existam duas distinções fundamentais: a hipertensão só provoca sintomas nas fases finais e as estruturas lesadas por ela não são encontradas em lojas de ferragens.

A hipertensão dilata o coração e danifica o sistema arterial: das artérias de maior calibre, como a aorta, às de calibre médio e aos milhares de quilômetros de capilares que irrigam nossos tecidos.

Algumas pessoas têm sangramentos nasais, quando a pressão aumenta, mas esses casos são raros. A maioria dos hipertensos não sente rigorosamente nada. Por isso, a doença é chamada de assassino silencioso.

Sua pressão arterial pode ficar elevada durante décadas sem que você sequer desconfie. Na clínica, canso de encontrar mulheres e homens com 18 por 12 de pressão (ou mais), que simplesmente desconhecem a condição de hipertensos.

Sintomas como dor de cabeça, pressão na nuca, sudorese excessiva, câimbras, palpitações cardíacas, micções frequentes, geralmente atribuídos à pressão alta, na esmagadora maioria dos casos nada têm a ver com aumento da pressão arterial.

Para quem sofre de pressão alta é absolutamente fundamental controlá-la por meio de mudanças no estilo de vida e do uso de medicamentos, quando estes se tornam indispensáveis. Quanto mais precocemente a doença for identificada, mais fácil tratá-la e mais baixo o risco de surgirem complicações.

A pressão exagerada do sangue nas câmaras cardíacas e no interior das artérias causa problemas para diversas estruturas do organismo:

1) Coração

O coração é constituído por fibras musculares encarregadas de bombear o sangue para percorrer o sistema arterial e a retornar pelo sistema venoso. Quando a resistência ao fluxo da corrente sanguínea aumenta, a musculatura cardíaca é obrigada a fazer mais força.

O excesso de trabalho muscular causa hipertrofia progressiva das paredes cardíacas, especialmente as do ventrículo esquerdo, encarregadas de impulsionar o sangue pela aorta. Com isso, a curvatura que a aorta faz ao deixar o coração é empurrada para cima e para trás.

A musculatura hipertrofiada reduz o espaço disponível para as cavidades cardíacas, que se tornam angustiadas e com dificuldade progressiva de expulsar o sangue de seu interior. Nas fases finais, a hipertrofia pode ser tão exagerada que o órgão é chamado de “coração de boi”.

Como consequência do funcionamento precário do coração, há retenção de líquido nos pulmões e nos membros inferiores, surgem falta de ar aos esforços e inchaço nas pernas: está instalada a insuficiência cardíaca.

Além de insuficiente para enfrentar adequadamente as solicitações dos esforços físicos, o aumento do coração pode levar a alterações do ritmo das batidas: são as palpitações ou arritmias, que provocam falta de ar e sensação de desconforto respiratório.

2) Artérias

Nossas artérias não têm a rigidez dos encanamentos hidráulicos; ao contrário, são estruturas elásticas dotadas de uma camada muscular que se contrai (vasoconstrição) ou relaxa (vasodilatação) de acordo com as necessidades, justamente a fim de manter constante o fluxo de sangue que chega aos órgãos, para evitar danificá-los.

Quando o aumento da pressão é mantido por muitos anos, as camadas musculares que contraem ou dilatam as pequenas e as grandes artérias perdem gradativamente a elasticidade e se tornam endurecidas: é a arteriosclerose (do grego sklerosis, endurecimento).

Por outro lado, a pressão elevada pode modificar as características da camada fina e delicada que reveste internamente as artérias: o endotélio. Os danos às paredes internas atraem plaquetas para o local, com a finalidade de formar microcoágulos para repará-los.
As irregularidades microscópicas surgidas no endotélio facilitam o depósito de gorduras e a instalação de um processo inflamatório que levará à formação de placas. Mais tarde, as placas invadirão as paredes arteriais mais internas, e constituirão uma barreira à passagem do sangue: é a aterosclerose.

A arteriosclerose e a aterosclerose podem ocorrer em qualquer artéria, mas a freqüência é maior (e causam complicações mais sérias) nas que irrigam coração, cérebro, rins e os olhos.

Os depósitos de gordura e a perda da elasticidade afetam com mais freqüência a parte da aorta que atravessa o abdômen (aorta abdominal) e as artérias das pernas. Na aorta, podem surgir dilatações chamadas de aneurismas e nas pernas, dificuldade de circulação que provoca dores ao andar.

A principal causa de morte em hipertensos é o infarto do miocárdio (ataque cardíaco), consequência da obstrução das artérias coronárias. Das pessoas que sofrem ataques cardíacos, 60% sofrem de hipertensão.

3) Cérebro

O endurecimento das paredes arteriais e a deposição de placas de gordura em suas camadas internas podem provocar danos à circulação cerebral.

Quando ocorre obstrução ou rompimento de uma artéria do cérebro o quadro recebe o nome de acidente vascular ou derrame cerebral.

Existem dois tipos de acidentes vasculares cerebrais:

a) Isquêmico

É o tipo mais comum, responsável por 70% , 80% dos acidentes vasculares cerebrais.
O fluxo incessante da corrente sangüínea pelas câmaras cardíacas e através de artérias com placas em suas paredes pode deslocar pequenos coágulos capazes de navegar até obstruir artérias cerebrais menos calibrosas, privando de oxigênio o tecido nervoso delas dependentes.

Às vezes, o suprimento sangüíneo é interrompido por períodos curtos (24 horas ou menos). Nesse caso, o acidente cerebral é chamado de transitório (ameaça de derrame, popularmente) para diferenciá-lo dos que se instalam por períodos mais prolongados.
Em 80% dos casos, os derrames cerebrais isquêmicos acontecem em pessoas hipertensas.

b) Hemorrágico

Ocorre quando um vaso cerebral se rompe, provocando hemorragia que lesa o tecido nervoso. Acidentes hemorrágicos podem ser conseqüentes à ruptura de aneurismas – dilatações das paredes arteriais – ou de pequenas fissuras no interior das artérias.
Os sintomas dos derrames dependem da extensão de tecido cerebral que entra em sofrimento e das funções que essas áreas coordenam. Os mais freqüentes são perda de movimento de um lado do corpo, dificuldade para falar, desorientação espacial, tonturas e perda da consciência.

4) Rins

Cerca de 20% do sangue colocado em circulação pelas batidas cardíacas vão parar nos rins para ser filtrado.

O rim é formado por um conjunto de estruturas microscópicas (os néfrons) encarregadas de filtrar o sangue para retirar de circulação os produtos desprezados pelas células e estabelecer o equilíbrio entre as quantidades de água, ácidos e sais minerais que devem permanecer no organismo.

O aumento da pressão e a existência de placas nas artérias que levam sangue aos néfrons para ser filtrado, reduzem o fluxo sangüíneo e, conseqüentemente, a capacidade de filtração. Com o passar do tempo, os rins diminuem de tamanho e perdem progressivamente a capacidade de eliminar substâncias tóxicas, quadro conhecido como insuficiência renal.

Por outro lado, a incompetência funcional dos rins causada pela hipertensão dificulta excreção de água e sódio nas quantidades desejáveis. A retenção aumenta o volume de líquido circulante, colaborando para elevar ainda mais a pressão arterial.

Boa parte das pessoas submetidas a diálises e transplantes renais, chegaram a essas condições por causa de hipertensão não tratada.

5) Olhos


A retina, camada que reveste internamente a cavidade ocular, rica em terminações nervosas essenciais para a captação das imagens projetadas sobre ela, é altamente vascularizada. Iluminando-a através da pupila, é possível visualizar, no fundo do olho, essa rede de pequenas artérias e veias tortuosas.

Nos estágios iniciais da hipertensão, essas pequenas artérias se tornam estreitadas e endurecidas. Nas fases adiantadas, elas podem ser obstruídas ou mesmo romper, provocando hemorragias que podem destruir células da retina e agredir o nervo ótico que conduz os estímulos luminosos da retina para o cérebro, causando perda da visão.

Mecanismos naturais de controle


O sistema circulatório dispõe de mecanismos muito delicados para manter constante a pressão no interior das artérias.

Quando o coração se contrai, expulsa o sangue existente em seu interior. O sangue venoso contido no ventrículo direito é bombeado para os pulmões, para ser oxigenado. O arterial contido no ventrículo esquerdo é bombeado para a aorta, artéria da qual emergem ramos que se bifurcam em outros de diâmetros cada vez mais finos para formar uma rede quilométrica de capilares, destinada a levar oxigênio e nutrientes para todas as células do organismo.

Nos tecidos, os capilares entregam oxigênio e os nutrientes essenciais, recebem gás carbônico e tudo o que não interessa mais às células, para conduzi-los às veias que vão levá-los de volta ao coração.

Diversos sistemas ajudam a manter a pressão arterial dentro de valores adequados:

1) Coração: quanto mais forte a pressão que o músculo cardíaco fizer para bombear o sangue, maior a pressão exercida no interior das artérias;

2) Artérias: as artérias são dotadas de uma camada muscular que, ao contrair (vasoconstrição), dificulta a passagem do sangue, e, ao relaxar (vasodilatação), facilitam-na. Além disso, suas paredes internas são revestidas pelo endotélio, tecido delicado que secreta substâncias vasoativas cruciais para a contração e a dilatação dos vasos;

3) Óxido nítrico e a endotelina: o primeiro é um gás que dilata os vasos e diminui a pressão; a segunda é uma proteína que exerce a função inversa, para aumentá-la;

4) Barorreceptores: são estruturas sensíveis às variações de pressão, estrategicamente distribuídas no interior do coração, artérias e veias, por meio das quais o cérebro monitora a cada segundo os valores da pressão no sistema circulatório;

5) Adrenalina: quando os baroreceptores detectam algum valor anormal de pressão, o cérebro imediatamente envia ordens (hormônios) para corrigir o problema. O hormônio mais importante nessas situações é a adrenalina, mas existem outros, como o cortisol, que também está envolvido no mecanismo de estresse;

6) Outros hormônios: entre eles a renina, que o organismo converte em outro hormônio, chamado angiotensina I. Quando a angiotensina I cai na circulação, é convertida em angiotensina II, que contrai os vasos sangüíneos e avisa as glândulas adrenais (suprarenais) para produzir aldosterona. A aldosterona dá ordem aos rins para reter mais água e sódio, e aumentar a pressão.

Milhões de anos de evolução selecionaram mecanismos de alta complexidade que permitem ao cérebro monitorar continuamente os valores da pressão arterial e enviar ordens para executar as correções necessárias, com a finalidade de mantê-la em valores adequados para cada situação.

Em 90% a 95% dos casos, não se consegue descobrir a causa da hipertensão. Mas sabemos que há genes e outros fatores associados ao risco de desenvolvê-la; alguns evitáveis, outros não.

Fatores não evitáveis

São inevitáveis porque nada pode ser feito para modificá-los:

1) História familiar: se um de seus pais tem hipertensão, você tem 25% de probabilidade de desenvolvê-la no decorrer da vida. Quando pai e mãe são hipertensos, essa probabilidade sobe para 60%;

2) Idade: embora possa instalar-se em qualquer idade, o diagnóstico costuma ser feito ao redor dos 35 anos. Ao atingir 50 anos, porém, metade da população sofre de pressão alta; daí em diante a incidência cresce sem parar;

3) Sexo: entre as pessoas de meia idade, os homens são mais propensos à hipertensão. No entanto, depois dos 55 anos – quando as mulheres atingem a menopausa – a relação se inverte, e a doença se torna mais prevalente no sexo feminino;

4) Etnia: hipertensão é mais comum em negros do que em brancos. Nos negros, a doença costuma surgir em idade mais precoce, tende a ser mais pronunciada e a progredir mais rapidamente.

Fatores evitáveis

1) Vida sedentária: mulheres e homens inativos apresentam batimentos cardíacos mais acelerados para o sangue vencer a resistência das artérias, que a falta de atividade física tornou endurecidas. Além disso, a vida sedentária acha-se ligada à obesidade, causa importante da doença;

2) Obesidade: Quanto maior a massa corpórea, maior a freqüência cardíaca e mais esforço o coração deve executar para que o sangue chegue aos tecidos. Além disso, o excesso de gordura aumenta os níveis de insulina no sangue, o que provoca retenção de sódio e de água. O aumento do volume líquido circulante faz a pressão subir no interior do sistema;

O tipo de distribuição de gordura no corpo guarda relação com a hipertensão. Quando a gordura está acumulada principalmente no abdômen (corpo em forma de maçã), o risco de hipertensão é mais elevado. Quando se acumula na parte inferior (bacia, cadeiras e coxas – corpo em forma de pêra), o risco é menor;

3) Síndrome metabólica (ou síndrome X): Essa síndrome é caracterizada por um conjunto de condições associadas, que incluem: obesidade, diabetes tipo 2, alterações nos níveis de triglicérides/colesterol, pressão arterial elevada e risco aumentado de ataque cardíaco;

4) Fumo: A nicotina provoca contração temporária dos vasos (vasoconstrição) e aumenta a frequência dos batimentos cardíacos. O monóxido de carbono da fumaça se acumula no sangue e desloca o oxigênio dos glóbulos vermelhos, fazendo o coração bater com mais força para compensar a falta de oxigenação. Com o passar dos anos, substâncias tóxicas existentes no fumo lesam as paredes internas das artérias, facilitando o acúmulo de placas de aterosclerose;

5) Sensibilidade ao sódio: O cloreto de sódio (sal de cozinha) é indispensável para o organismo. Para cada 9 gramas de sal ingerido, o corpo retém em média 1 litro de água. Organismos que acumulam sódio com mais facilidade retêm líquido em excesso e podem apresentar tendência à hipertensão. Cerca de 60% dos hipertensos apresentam sensibilidade ao sal, característica que se torna mais evidente com a idade;

6) Potássio baixo: Potássio é importante para manter em equilíbrio a quantidade de sal e água que os rins excretam. Quando a dieta é pobre em potássio, os rins não conseguem eliminar sódio com eficiência. O excesso de sódio no organismo retém água e aumenta a pressão arterial;

7) Álcool em excesso: Álcool em pequena quantidade não afeta significativamente a pressão; seu efeito relaxante pode eventualmente reduzi-la. Enquanto um ou dois drinques (1 drinque = uma taça de vinho = 1 lata de cerveja = 50 mL de destilados) por dia podem ser tomados com segurança, os estudos deixam claro que o consumo diário de três ou mais praticamente dobra o risco de hipertensão. E mais, o excesso de álcool pode lesar o coração, além do fígado e outros órgãos;

8) Estresse: O estresse geralmente causa aumento temporário da pressão, mas, quando se torna persistente, esses picos hipertensivos podem lesar artérias, rins e o próprio coração.

Tratamentos

O tratamento da hipertensão não é padronizado; ao contrário, precisa ser individualizado segundo as necessidades de cada um.

A melhor forma de controlar a pressão é por meio de modificações no estilo de vida. Manter atividade física diária, evitar a obesidade, o excesso de bebidas alcoólicas, de alimentos gordurosos, de doces e de sal (nas pessoas sensíveis a ele), reduzir o estresse e, especialmente, abandonar o fumo são procedimentos que todos os portadores de hipertensão devem adotar.

Nos casos de hipertensão mais leve, tais medidas podem ser capazes de fazer a pressão retornar a valores normais. Muitas vezes, no entanto, elas são insuficientes para mantê-la dentro de limites seguros.

Felizmente, contamos com diversos medicamentos dotados dessa propriedade, que podem ser administrados continuamente, por anos consecutivos, com o mínimo de efeitos indesejáveis.

A prevenção das complicações da hipertensão por intermédio do uso de drogas anti-hipertensivas foi um dos maiores sucessos da medicina moderna.

A hipertensão não é uma doença uniforme. É lógico que o médico não pode tratar de uma pessoa com 13,5 por 9,5 da mesma forma que de outra com 17 por 12. Embora em ambos os casos seja necessário aconselhar a adoção de um estilo de vida saudável, é muito mais provável que o paciente com 17 por 12 precise ser medicado.

Como a hipertensão é a doença crônica mais prevalente no mundo, a medicina acumulou enorme experiência em seu tratamento. Diversos estudos envolvendo centenas de milhares de participantes permitiram definir certos princípios para orientar os médicos na condução de seus casos.

Esses princípios gerais tomam como base a tabela de classificação da hipertensão mostrada na primeira parte deste trabalho. O quadro abaixo indica as opções de tratamento de acordo com a classificação dos níveis de hipertensão:
Classificação (pressão máxima e pressão mínima)    Tratamento
  
  • Ótima (<12 e <8)    Manter estilo de vida saudável
  • Normal (<13 e <8,5)    Adotar estilo de vida saudável
  • Limítrofe (13 a 13,9 ou 8,5 a 8,9)    Adotar estilo de vida saudável
  • Hipertensão Estágio 1 (leve) (14 a 15,9 ou 9 a 9,9)    Vida saudável + Um medicamento
  • Estágio 2 (moderada) (16 a 17,9 ou 10 a10,9)    Vida saudável + Dois ou mais medicamentos
  • Estágio 3 (grave) (≥18 ou ≥11)    Vida saudável + Dois ou mais medicamentos

O tratamento deve levar em conta não apenas os graus de hipertensão acima, mas outras condições mórbidas porventura associadas. Por exemplo, se você sofre de diabetes ou teve um infarto ou derrame cerebral, o ideal é que sua pressão seja mantida em valores abaixo de 13 por 8. Mas, se sofre de insuficiência renal grave, ela não deve ultrapassar 12 por 7,5.

Na indicação do tipo de tratamento, os seguintes fatores de risco devem ser analisados: fumo, obesidade, vida sedentária, níveis elevados de triglicérides/colesterol, diabetes, insuficiência renal, idade (homens acima de 55 anos, mulheres com mais de 65 anos), sexo (homem ou mulher em menopausa), história de doença cardiovascular em familiares homens antes dos 55 anos ou em mulheres com menos de 65.

Orientações gerais

Se seu médico indicou medicamentos no seu caso, é muito importante que você leve em consideração as seguintes recomendações, válidas para todos os hipertensos:

1) Muitos hipertensos acham que não precisam mudar o estilo de vida porque os remédios resolvem sozinhos o problema da pressão. Não é verdade! Primeiro, porque há situações em que os remédios reduzem a pressão, mas não conseguem fazê-la atingir o alvo ideal para seu caso, enquanto você não perder de peso, for inativo ou continuar fumando, por exemplo. Segundo, porque uma vida ativa e saudável além de diminuir a chance de desenvolver diabetes, de sofrer infarto ou derrame cerebral, poderá permitir que seu médico reduza as doses diárias de medicamento;

2) No passado, os hipertensos eram simplesmente proibidos de comer sal. Hoje não somos tão radicais. O sal é um mineral importante para o organismo e deve ser ingerido mesmo por quem sofre de pressão alta. Mas é preciso cuidado, porque cerca de 60% das pessoas apresentam sensibilidade exagerada e respondem com aumento de pressão à presença de quantidades maiores de sal na dieta. São mais sensíveis os negros, as mulheres e homens com mais de 65 anos, os portadores de diabetes e aqueles que têm familiares sensíveis aos efeitos do sal.

Se esse for seu caso, evite os alimentos processados, são os mais ricos em sal, e jamais acrescente sal à comida antes de prová-la. Leia sempre o conteúdo de sal no expresso no rótulo dos alimentos processados.

O mais sensato é pedir para seu médico orientá-lo em relação à quantidade de sal que pode ser ingerida com segurança;

3) Dieta rica em frutas, vegetais, em cereais integrais e em laticínios com baixo teor de gordura garante a ingestão de pouco sódio, pouca gordura e quantidades mais altas de potássio, cálcio e magnésio, nutrientes necessários à redução da pressão.

Ao cozinhar use pouco sal, óleo ou gordura: dê preferência às ervas e a outros temperos.

4) O efeito do café na pressão arterial está mal definido. Enquanto algumas pesquisas mostram que doses altas da cafeína provocam aumento de pressão, outras sugerem que consumidores habituais desenvolvem tolerância a ela, e se tornam imunes a seus efeitos;

5) O estresse pode aumentar a pressão temporariamente e agravar quadros de hipertensão. Modificações do estilo de vida, aumento da atividade física, técnicas de relaxamento e de psicoterapia podem ajudar.

Aderência ao tratamento medicamentoso

Se você recebeu a prescrição de medicamentos para controlar a pressão, evite encará-la de forma pessimista, como se representasse uma tragédia. De fato, não é agradável tomar remédio todos os dias, mas pense no sofrimento dos que viveram numa época em que eles não existiam: ataques cardíacos, derrames cerebrais e todo o cortejo de complicações da hipertensão, sem nenhuma possibilidade de defesa.

Por isso, agradeça à imaginação criadora dos cientistas que desenvolveram os anti-hipertensivos e procure seguir as seguintes recomendações em relação a eles:

1) Escolha um médico atualizado com as inúmeras opções terapêuticas hoje disponíveis – A escolha dos medicamentos mais adequados para cada caso requer capacitação técnica e acompanhamento de seus efeitos a longo prazo. Um médico indisponível e desatento certamente não é a pessoa ideal para tratar uma condição crônica como a sua;

2) Assuma o controle de sua condição – Compre um aparelho e meça a pressão em casa e no escritório, em horários variados. Anote os valores obtidos para que o médico possa avaliar a eficácia do tratamento;

3) Tome os comprimidos rigorosamente nos horários prescritos – A prescrição dos horários não é aleatória, mas baseada no tempo que cada droga leva para agir e na duração de seu efeito hipotensor. Atrasos e esquecimentos podem criar “janelas” farmacológicas nas quais a pressão escapa do controle. Caixas com divisórias para comprimidos, relógios com alarme, métodos para enquadrar as tomadas nos rituais diários, são muito úteis para evitar falhas de aderência;

4) Em caso de efeitos indesejáveis converse com seu médico, não faça ajuste de doses nem interrompa o tratamento por conta própria – Embora as drogas atuais sejam muito bem toleradas, todo medicamento pode causar efeitos colaterais cuja intensidade varia de uma pessoa para outra. Em caso de intolerância, discuta o problema com seu médico, ele é a pessoa certa para encontrar uma solução. Pequenas reduções de doses, modificações de esquemas ou do horário das tomadas, muitas vezes, são suficientes para resolver o problema;

5) Você toma os medicamentos exatamente como foram prescritos, a pressão volta ao normal e assim se mantém por meses e meses – Então,você é assaltado pela dúvida: “Vou ter que tomar remédio pelo resto da vida?”.

A resposta mais provável é “sim”. Raros portadores de hipertensão grau I e grau II conseguem ficar livres da medicação graças apenas a mudanças no estilo de vida, mas muitos conseguem reduzir significativamente as doses diárias;

6) Jamais, em hipótese alguma, abandone o tratamento. Lembre-se sempre de que a hipertensão é um inimigo silencioso que ataca sem aviso prévio. É uma condição crônica incurável, mas que, felizmente, pode ser controlada de modo a evitar complicações incapacitantes e permitir que você leve vida absolutamente normal.



Por: Drauzio Varella



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fonte: http://drauziovarella.com.br


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O gordo e o magro

Por: Drauzio Varella


Atribuir ao doente a culpa dos males que o afligem é procedimento tradicional na história da humanidade. A obesidade não foge à regra.

Na Idade Média, a sociedade considerava a hanseníase um castigo de Deus para punir os ímpios. No século 19, quando proliferaram os aglomerados urbanos e a tuberculose adquiriu características epidêmicas, dizia-se que a enfermidade acometia pessoas enfraquecidas pela vida devassa que levavam. Com a epidemia de Aids, a mesma história: apenas os promíscuos adquiririam o HIV.

Coube à ciência demonstrar que são bactérias os agentes causadores de tuberculose e da hanseníase, que a Aids é transmitida por um vírus e que esses microorganismos são alheios às virtudes e fraquezas humanas: infectam crianças, mulheres ou homens, não para puni-los ou vê-los sofrer, mas porque pretendem crescer e multiplicar-se como todos os seres vivos. Tanto se lhes dá se o organismo que lhes oferece condições de sobrevivência pertence à vestal ou ao pecador contumaz.

O mesmo preconceito se repete agora com a obesidade, até aqui interpretada como condição patológica associada ao pecado da gula. No entanto, a elucidação dos mecanismos de ação dos mediadores químicos e da arquitetura dos circuitos que os neurônios estabelecem até chegar aos centros cerebrais encarregados do controle da fome e da saciedade tem demonstrado que engordar ou emagrecer está longe de ser mera questão de vontade.

Vou dar um exemplo para ilustrar a complexidade desses mecanismos, com o objetivo de mostrar a você, leitor perseverante, que a obesidade é consequência da associação de várias características genéticas e comportamentais que convergem em determinado indivíduo: o gordo.

Recentemente foi descoberta a proteína CNTF, dotada da propriedade de manter neurônios vivos e ajudá-los a se tornar maduros em meio de cultura. O isolamento da CNTF estimulou os pesquisadores a tentar usá-la em casos graves de uma doença degenerativa conhecida pela sigla ELA, caracterizada por paralisia progressiva causada pela perda de neurônios motores.

O tratamento, no entanto, provocou um efeito colateral dramático: diminuição de apetite e emagrecimento persistente mesmo depois de suspensas as injeções de CNTF.

Estudos em ratos confirmaram essa perda de peso duradoura tanto nos casos de obesidade provocada pela ingestão de dietas ricas em gordura como naqueles portadores de obesidade de causa genética. E que o mecanismo de ação da CNTF podia ser explicado pela propriedade de provocar o nascimento de novos neurônios no hipotálamo, área do cérebro que desempenha papel crucial no controle do apetite e do balanço energético do organismo.

Nos ratos, esse efeito é tão pronunciado que o hipotálamo dos animais tratados com CNTF chega a apresentar seis vezes mais neurônios novos.

Para aumentar a complexidade, ficou demonstrado que esses neurônios novos respondem mais intensamente à ação da lepitina, hormônio supressor do apetite produzido pelo tecido gorduroso, e a outros hormônios dotados da mesma propriedade, liberados na passagem dos alimentos pelo tubo digestivo.

A conclusão a que pretendo chegar é a de que quanto mais nos aprofundamos no estudo dos mecanismos reguladores da fome e da saciedade, mais complexos e interligados eles demonstram ser. O que está absolutamente de acordo com a perspectiva evolucionista: uma função tão essencial à sobrevivência da espécie jamais teria sido deixada ao livre arbítrio de cada um. O impulso da fome, tão irresistível quanto o da sede, é disparado em áreas cerebrais dificilmente reprimidas pela ação dos centros que coordenam o pensamento racional.

As evidências fazem crer que a obesidade seja uma cruz carregada por pessoas geneticamente predispostas, num ambiente que lhes proporciona acesso farto aos alimentos.

A fartura é necessária – não havia prisioneiros obesos nos campos de concentração, como todos dizem -, mas não é suficiente. Os genes envolvidos no controle dos neurônios que interferem com o binômio fome-saciedade e com os comportamentos modulados por eles são decisivos.

As mães de vários filhos são capazes de identificar diferenças na voracidade ao mamar, em bebês que acabaram de nascer. Enquanto algumas crianças passam o dia atrás de doces, adoram alimentos gordurosos e detestam verduras ou saladas, outras fazem do horário das refeições o calvário das avós.

Na próxima vez que você for a uma churrascaria, preste atenção nas mesas grandes com a família reunida e observe como os olhos dos gordinhos brilham diante dos espetos. Como regra, os magros gostam de salada, dão preferência às carnes magras e não ligam para sobremesas; os gordos, ao contrário. O gordo viaja 30 km atrás de um frango assado; o magro pode ir junto pela companhia, não pela comida.

Reparem nos cozinheiros de fim de semana, esses que passam 12 horas no preparo de um pernil que derrete na boca. Quantos são magros? A gustação é uma experiência sensorial capaz de despertar compulsão alimentar em indivíduos predispostos geneticamente à obesidade; os magrelos desanimam diante do prato cheio.

Como o cérebro ajusta o metabolismo e dispara ímpetos de fome para que o peso corpóreo volte sempre ao maior valor já atingido, a lógica de afirmar que fulano é gordo porque come demais talvez devesse ser apresentada ao revés: ele come muito porque é gordo, enquanto o outro come pouco por ser magro.


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fonte: http://drauziovarella.com.br




Emagrecer com reeducação alimentar

A melhor maneira de emagrecer sem correr o risco de engordar novamente é com uma reeducação alimentar.

A reeducação alimentar é a receita para emagrecer com saúde e para sempre, e consiste em começar a alimentar-se de forma mais saudável na medida certa. Preferindo frutas, verduras, legumes e carnes magras ao invés de bolos, biscoitos recheados, refrigerantes, sanduíches e comidas "pesadas", como feijoada, frituras e buchada de bode, por exemplo.

Estes alimentos são ricos em vitaminas e minerais, e fornecem tudo aquilo que o organismo necessita para um corpo firme e saudável.

Comer diariamente alimentos muito doces ou muito gordurosos, mesmo que em pequenas quantidades, ao final de um ano pode levar ao acúmulo de alguns quilos de gordura. E perdê-los é muito mais difícil do que ganhá-los.

Seguir dietas muito restritivas que prometem uma grande perda de peso num curto espaço de tempo não ensina o indivíduo a comer de forma saudável e favorece o efeito sanfona. Para evitar este problema, vale a pena fazer trocas inteligentes, tais como:

  •     No mercado, não comprar doces e comidas gordurosas, trazendo mais frutas e alimentos saudáveis
  •     Fazer algum tipo de exercício todos os dias, o ideal é começar a praticar um esporte que goste, fazendo disso um hábito e não uma obrigação
  •     Beber mais água e menos refrigerantes, deixando-os para ocasiões especiais
  •     Antes de ir a uma festa, tomar um prato de sopa, por exemplo, assim tem-se a sensação de estômago cheio e é mais fácil resistir às "tentações"

A reeducação alimentar não o impede de comer nada, mas ensina a comer de tudo, na quantidade certa. Fazer uma dieta balanceada durante alguns meses garante a reeducação alimentar, e fica mais fácil emagrecer e ter uma saúde de ferro.


Por: Tatiana Zanin (Nutricionista)



fonte: http://www.tuasaude.com

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Remédios para Emagrecer

Existem indicações médicas precisas para a perda de peso como a obesidade mórbida, hipertensão arterial, diabetes entre outras doenças, não é desse tipo de tratamento que eu quero discutir e sim tratar aqui da questão que mais leva as pessoas a procurar remédios para emagrecer: o fator estético. Este é disparado o principal motivo e é também o que mais preocupa, muitas pessoas cometem abusos de medicação correndo sérios riscos de saúde. Independente dos motivos que te levaram a buscar informações sobre remédios para emagrecer vamos discutir o que realmente interessa.

O primeiro passo importante quando se fala sobre remédios para emagrecer é que na verdade eles não existem, nenhum dos remédios prescritos para emagrecer emagrece, eles são na verdade inibidores de apetite como a sibutramina (existem outros inibidores de apetite e outros remédios que não são inibidores de apetite, vou citar apenas esse por ser o mais usado e seu uso é liberado pela Anvisa*). Boa parte do tratamento e uso de remédios para emagrecer deve partir desse princípio básico: os remédios para emagrecer não emagrecem. Tendo isso em mente partimos para o segundo passo: para o remédio fazer o resultado esperado (perda de peso) você precisa ajudar o remédio a te ajudar. Pode soar estranho dito dessa forma, mas é exatamente isso. O remédio para emagrecer só poderá desenvolver todo seu potencial emagrecedor se você ajudar o remédio.

Explicando melhor: apenas entenda que para emagrecer você terá que fazer dieta, existe muitos tipos de dieta que você encontra na internet ou em revista (algumas dietas são bem estranhas), a melhor dieta para o seu caso é aquela preparada especialmente para você por um nutricionista. A maioria das pessoas que procuram remédio para emagrecer já fez algum tipo de dieta. Praticamente todas as dietas são boas para emagrecer, mas as pessoas não conseguem emagrecer porque não conseguem manter a dieta por muito tempo. Ai é que entram os remédios para emagrecer: você começa a tomar o remédio, sua fome diminui consideravelmente, o que permite que você siga sua dieta sem sentir fome. É muito mais fácil fazer dieta quando não se tem fome.

O terceiro passo no uso de remédios para emagrecer é o tempo de uso do medicamento. As pessoas querem perder peso rapidamente, usar o remédio por um curto período de tempo e emagrecer rápido demais é o caminho do fracasso. A perda de peso tem que ser lenta e gradual. Vou descrever uma situação ideal: Usar sibutramina todos os dias tomando 1 comprimido as 10:00 da manhã por 1 ano e perder 3 a 4kg no primeiro mês, 2 a 3 kg no segundo mês e perder 1 a 2kg por mês por mais 10 meses; isso totalizaria um mínimo de 15 kg e um máximo de 27kg. Não seria maravilhoso perder entre 15 e 27kg? É claro que sim, mas boa parte das pessoas não quer esperar todo esse tempo. Esse tempo de um ano é muito importante porque ele é a garantia de que dificilmente você retornará a ganhar peso, o tão indesejado efeito sanfona.

“Então doutor o senhor quer dizer que mesmo tomando remédios para emagrecer vou ter que fazer dieta, só falta dizer que vou ter que fazer exercícios também?” E a resposta é sim. Emagrecer fazendo exercícios é mais fácil, mais rápido, mais saudável e você define melhor o corpo. Emagrecer sem exercícios acaba deixando o corpo mole e mal definido. Emagrecer com exercícios acelera o processo e deixa você muito mais bonito(a).

Os efeitos colaterais da sibutramina são: aumento da pressão arterial e agitação psicomotora (entre o os inibidores de apetite parece ser o que apresenta o menor número de efeitos colaterais). De todos os pacientes que eu já prescrevi esta medicação tive apenas 2 casos de abandono do tratamento por aumento da ansiedade e nervosismo causados pelo remédio.

*receita médica especial controlada, apenas fornecida por médicos devidamente registrados na Anvisa. Evite a automedicação ela pode trazer risco para a sua saúde. Não adquira remédios para emagrecer sem consultar seu médico, somente um médico pode fazer a correta avaliação dos riscos e benefícios do uso desse tipo de medicação e decidir qual é o mais indicado para seu caso ou se é mesmo necessário o uso de remédios para emagrecer.


Por: Dr. Charles Schwambach


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fonte: http://medicoresponde.com.br

Dormir pouco faz mal à saúde

Dormir pouco faz mal à saúde. Mas tem remédio: tire um cochilo.


O sono é um processo fisiológico fundamental para a manutenção do estado biológico normal e consequente promoção da saúde do organismo. Noites mal dormidas induzem desequilíbrios metabólicos, hormonais e imunológicos, além de levar a dias sonolentos com redução da cognição, aumento da chance de erros nas tarefas diárias e redução da produtividade.

Distúrbios do sono e sua privação podem predispor o indivíduo a diversos tipos de doenças crônicas como obesidade, depressão, diabete e hipertensão, sendo reconhecidos como um problema de saúde pública. Nos Estados Unidos 30% dos adultos reportam dormir menos de 6 horas por dia, tempo insuficiente para os processos biológicos que ocorrem durante o sono.

Uma pesquisa, publicada online esta semana na revista científica Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, traz um alento aos que dormem pouco durante a noite.

O estudo foi conduzido em 11 homens saudáveis com idades de 25 a 32 anos que sofreram uma restrição importante de sono por uma noite. Na tarde seguinte foram medidas as concentrações na urina de substâncias que aumentam com o estresse, como noradrenalina, adrenalina e dopamina (estas substâncias produzem aumento dos batimentos cardíacos e do açúcar no sangue) e na saliva foi medida a concentração de uma proteína do sistema imunológico chamada interleucina-6 que contribui na resposta imunológica contra viroses.

A noradrenalina apresentou um aumento de duas vezes e meia na sua concentração, enquanto a interleucina-6 teve uma redução significativa.

Na noite seguinte os voluntários sofreram nova restrição de sono, porém, na tarde seguinte, antes das dosagens hormonais, eles tiraram dois cochilos de meia hora. As dosagens tanto da noradrenalina como da interleucina-6 foram normais, evidenciando que os cochilos reverteram os efeitos deletérios da falta de sono no que tange a alteração destas duas substâncias.

Dormir bem é fundamental para a manutenção da saúde e bem-estar (o tempo recomendado é de 8 horas por noite), no entanto, se por algum problema você não pode atingir esta recomendação, reserve um tempinho na tarde seguinte. O seu organismo agradece!


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FONTE http://www.abcdasaude.com.br